Legi�o Urbana Uma Outra Esta��o
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EU N�O QUERO MAIS CUSPIR EM NINGU�M:
A VOZ DE RENATO RUSSO

 (Trechos da entrevista, Correio Braziliense, 18/fevereiro/1986)

Tomando emprestado uma express�o cunhada pelos sambistas cariocas, pode-se dizer que o Legi�o Urbana est� arrebentando a boca do bal�o. Ao lado do Ultraje a Rigor e RPM, forma atualmente, o triunvirato das bandas mais populares do rock brasileiro (...) Seu primeiro disco, que j� vendeu mais de 50 mil c�pias foi considerado um dos melhores de 85 em enquetes realizadas pelo O Globo e Jornal do Brasil e o melhor pela revista especializada Bizz, da editora Abril. Al�m disso, houve destaque para o guitarrista Dado Villa-Lobos e para o compositor, poeta e vocalista Renato Russo. Fugindo da confus�o do carnaval do Rio, Renato veio para Bras�lia descansar, depois de passar quase dois meses em est�dio (...) gravando a base instrumental do novo elep� da Legi�o. Est� aproveitando para terminar as letras de algumas das 12 faixas do disco, que ainda n�o tem t�tulo, nem data para ser lan�ado (...)

(Por Irlam Rocha Lima)

Esse segundo elep�, musicalmente, segue a linha do primeiro disco, ou a Legi�o prop�e alguma novidade?

RR - Acho que a mudan�a principal n�o ser� na m�sica, na textura instrumental das faixas, embora isso seja justamente o que vai chamar mais aten��o a principio. Esse disco n�o tem nenhuma "Gera��o Coca-Cola". N�o estamos mais a fim de cuspir em cima dos outros. Eu acho que isso foi uma coisa de um momento. J� foi feito. Tem outros conjuntos que est�o seguindo essa linha, acreditam nisso, acham uma coisa muito legal. Tudo bem, n�o tenho nada contra, mas partimos pra outra. A mudan�a, embora eu acredite que as pessoas v�o sentir isso nas m�sicas, ela se manifesta mais no lance da tem�tica. A gente est� pegando exatamente o que a gente falava no primeiro disco, mas ao inv�s de ser aquela coisa corrosiva, aquela coisa de atacar, estamos tentando dar um recado, tipo assim: n�o � bem por a�. Est� todo mundo muito sozinho, se ligando muito nas m�quinas. N�o � isso. O importante � saber de sua fam�lia, das pessoas que est�o pr�ximas de voc� e n�o copiar o cara que est� na televis�o. Foi isso que a gente come�ou a descobrir dentro do lance.

O primeiro disco de voc�s tem uma certa unidade. Nenhuma m�sica est� ali gratuitamente. O pr�ximo tem tamb�m um fio condutor, um elo entre as v�rias faixas?

RR - Olha, o disco estava sendo planejado para ser um �lbum duplo. Iam ser 25 m�sicas. Grande parte desse material teria base ac�stica. A gente estava pegando muita coisa feita entre Aborto El�trico e a Legi�o, m�sica que eu tocava no viol�o. �amos fazer arranjos para o conjunto tocar. N�o deu certo por causa de uma s�rie de problemas. Ent�o tivemos que fazer uma redefini��o do trabalho. Agora ser� um disco com 12 m�sicas, que tem um fio condutor, uma id�ia central. A gente que se liga muito no rock sabe que os grandes discos s�o uma id�ia. Voc� pega Sgt. Pepper's, dos Beatles; o primeiro dos Sex Pistols. � uma id�ia, � um conjunto. E a gente quer fazer isso nesse disco. Tem muita m�sica de amor, mas tem, tamb�m, m�sica que fala do social, do pol�tico, mas num contexto emocional, num contexto individual, algo mais ou menos como "Baader-Meinhof Blues", s� que sem aquela parte negativa. Eu acho que as id�ias da gente est�o bem gerais e n�o muito espec�ficas. � um lance assim, ao inv�s de falar mal das pessoas que poluem os mares, ou das guerras, a gente prefere falar do universal, da experi�ncia individual de cada um. Todo mundo respira, todo mundo sonha, todo mundo � confuso sexualmente, at� certo ponto, todo mundo tem medo da morte. Ent�o a gente quer falar sobre isso: do ponto em comum que une todas as pessoas.

Numa mat�ria anal�tica sobre o rock brasileiro, publicada recentemente no jornal do Brasil, o Tarik de Souza lhe chamou de neo-Jerry Adriani. Como voc� encarou isso?

RR - Olha, eu acho o Tarik um cara superlegal, mas ele entende � de MPB. Uma coisa que me irrita um pouco s�o pessoas de determinadas �reas, falando de �reas que n�o s�o delas. Eu n�o entendo nada de MPB. Sou amigo do Makal�, �s vezes a gente conversa e tal, mas eu n�o posso me meter a fazer a cr�tica do disco do Moreira da Silva. O Tarik n�o tem base pra falar de rock. Ele � um excelente jornalista, entende muito de MPB, tem um trabalho que eu respeito muit�ssimo, mas que n�o me venha falar de rock, pois ele n�o entende nada de rock. Mas, de uma certa forma, ele tem um pouco de raz�o, porque meu timbre de voz � parecido com o do Jerry Adriani, mas em uma ou outra m�sica. Mas a partir do momento em que isso � utilizado para rotular e em cima disso criar um texto jornal�stico, acaba sendo uma coisa de m�-f�. Acho isso superdesnecess�rio. No entanto, acho que as pessoas t�m total liberdade para expressar suas opini�es.

Renato, agora que a Legi�o � uma banda conhecida nacionalmente, como � que voc� v� essa quest�o do �dolo e de sua rela��o com os f�s?

RR - � muito legal as pessoas virem falar com a gente, reconhecer o trabalho da gente. Mas, quanto mais conhecido voc� fica, mais estranho � o comportamento das pessoas. �s vezes, chegam umas meninas pra falar com a gente, mas elas n�o s�o como s�o verdadeiramente. Eu preferiria que elas chegassem normalmente, pra conversar. Mas elas chegam querendo te agarrar. N�o v�em voc� como ser humano, como artista, mas como um objeto que est� sendo transmitido pela TV, pelos meios de comunica��o de massa. E isso n�o � legal porque � uma viagem muito destrutiva, tanto para o artista como para o f�.

Me parece que sua liga��o afetiva com Bras�lia � muito forte. Sempre que pode vem � cidade?

 

RR - Eu adoro Bras�lia. Pra mim, � a melhor cidade do Brasil. Futuramente, eu quero novamente morar em Bras�lia. Eu sei que a cidade tem muitos problemas, mas s�o problemas ainda contorn�veis. Aquela tal hist�ria, se a gente n�o come�ar a pensar realmente nas sat�lites, v�o acontecer algumas coisas terr�veis. Bras�lia, o Plano Piloto, � uma ilhazinha, com uma vida car�ssima. Uma das cidades de vida mais cara no pa�s. E pode acontecer, realmente, uma coisa � la Revolu��o Francesa. Eu tenho uns amigos m�sticos, que � outro lado da cidade que eu acho superinteressante, que dizem o seguinte: se as coisas n�o forem bem encaminhadas, pode surgir um grande ressentimento por parte das massas. E com toda raz�o. Em Bras�lia, as crian�as ainda podem brincar sozinhas nas quadras. No Rio, voc� n�o pode ter um apartamento sem um guarda, uma casa sem cachorro. Aqui a coisa ainda � tranq�ila. Mas, e as sat�lites? Estou sabendo que est�o fazendo um trabalho legal por l�, mas a gente tem que ter consci�ncia disso e reivindicar mais. (... ) Eu acho assim, Bras�lia � uma cidade legal na medida em que voc� ainda pode melhor�-la. Por exemplo, ainda est� em tempo da gente tomar conta da polui��o, de dar um jeito no Parano�, de ajeitar o tr�nsito. S�o coisas que ainda se pode trabalhar. Agora eu gosto muito de Bras�lia, porque aqui eu passei a adolesc�ncia, tenho meus amigos. N�o s�o tantos, mas s�o pessoas especiais, que v�o ficar pro resto da vida. O pessoal que trabalha com arte, que agita a cidade, s�o pessoas muito legais. Muita gente reclama que aqui n�o tem nada pra fazer, mas se voc� procura, voc� acha. Tem o Instituto Goethe, a programa��o do Cine Bras�lia, que est� espetacular. Tem o Da Mata que � incr�vel. No Rio e em S�o Paulo existem mais alternativas, mas � aquele circuitozinho. Voc� sai do cinema e tem que se defrontar com aquele calor, com aquela polui��o. Aqui, voc� sai da Cultura Inglesa e aspira um ar pur�ssimo e pode sair por a� caminhando tranq�ilamente. E existe o interc�mbio cultural com as embaixadas e com as pr�prias pessoas. Voc� encontra pessoas aqui de todos os cantos do pa�s, de todas as profiss�es, com todos os backgrounds poss�veis. Isso d� uma intera��o de relacionamento humano, emocional, que eu acho muito legal, ao contr�rio das grandes metr�poles onde hoje s� existem as tribos super fechadas.

Texto enviado por: Fabiano Moraes - Legi�o Urbana Web F� Clube

 

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