Legi�o Urbana Uma Outra Esta��o
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CD costura momentos marcantes do grupoProdu��o tem cheiro de tristeza, in�cio, meio e
fim, e registra evolu��o da banda de Bras�lia (O Estado de S�o Paulo - 07/08/1997) (Por
Luiz Antonio Mello) A Tempestade seria um disco duplo, mas acabou
saindo no formato simples. Uma Outra Esta��o,
o verdadeiro r�quiem do Legi�o Urbana, � uma costura de v�rios momentos do
grupo. � um disco conceitual, produzido como um todo. Como a pr�pria Legi�o,
ele tem in�cio, meio e fim e cheira a tristeza. O t�tulo A
Outra Esta��o uma ut�pica refer�ncia a Quatro
Esta��es, c�lebre disco de 1989 que abre com H�
Tempos, uma das melhores e mais profundas can��es do Legi�o. � tamb�m t�tulo
de uma de suas m�sicas. Capa e contracapa trazem aquarelas do baterista Marcelo
Bonf�, tamb�m artista pl�stico. As m�sicas de A Outra Esta��o: Riding Song (em
tradu��o livre significa Can��o Libert�ria), de Dado Villa-Lobos - Bateria pesada
e guitarras saturadas, em andamento acelerado, juntam-se a viol�es e teclados,
num longo riff. De uma entrevista feita para o lan�amento do disco Dois,
de 1986, foram extra�das as vozes dos integrantes da banda. Renato tinha 23
anos e conta que trocou o jornalismo pelo rock. Depois dos depoimentos, Dado e
Bonf� cantam o refr�o - "Eu j� sei o que eu vou ser/ Quando eu
crescer" - at� o encerramento. Tom Capone toca viol�o e Carlos Trilha,
teclados. Rock do bom. Uma Outra Esta��o:
"Venha comigo/ N�o tenha medo/ Tem muita gente que pensa o mesmo/ Estou
longe, longe/ Estou em outra esta��o." A voz de Renato Russo passou por
mixagem, o piano ac�stico de Carlos Trilha faz interven��es quebradas sobre a
base seca e �rida da can��o, altamente anos 80. As Flores do
Mal:
"Porque mentir � f�cil demais/ Mentir � f�cil demais (...)/ Tua indec�ncia
n�o serve mais/ T�o decadente e tanto faz/ Quais s�o as regras? O que ficou?/
O seu cinismo essa sedu��o/ Volta pro esgoto baby/ E v� se algu�m lhe
quer." A voz de Renato surge forte no refr�o, escorada pela guitarra de
Dado, que faz dobradinha com o contrabaixo, tocado pelo pr�prio Renato, e os
teclados de Carlos Trilha. J� se percebe uma mudan�a de som em rela��o a
discos anteriores. La Maison Dieu: "Eu sou a
lembran�a do terror/ De uma revolu��o de m.../ De generais de m... e de um ex�rcito
de m.../ N�o, nunca poderemos esquecer/ Nem devemos perdoar/ Eu n�o anistiei
ningu�m." Esse fort�ssimo, sujo
e implac�vel blues, cal�ado nas guitarras de Dado e de Tom Capone (que faz os
solos) e no �rg�o Hammond de Carlos Trilha, est� entre as melhores m�sicas
do Legi�o Urbana. Renato Russo esmurra sem parar, voz lancinante. O peso da
banda desaba nos alto-falantes sem cerim�nia. Um cl�ssico. Clarisse: "Voc� n�o
sabe e n�o entende/ E quando os antidepressivos e os calmantes n�o fazem mais
efeito/ Clarisse sabe que a loucura est� presente/ E sente a ess�ncia estranha
do que � a morte." Durante dez minutos e 32 segundos, a voz e os viol�es
tocados por Renato Russo contam uma tr�gica hist�ria. Autobiogr�fica, todos
sabem, pois Renato nunca amorda�ou ou escondeu Clarisse. � uma balada f�nebre,
triste, encorpada e magistral. Destaque para os sutis teclados de Carlos Trilha
que ap�iam os viol�es. A Tempestade: "Veja bem
quem eu sou/ Com teu amor eu quero que sintas dor/ Eu quero ver-te em sangue e
ser o teu credor/ Veja bem quem eu sou." O disco retoma o rock com forte
influ�ncia brit�nica nessa can��o em que Renato Russo aparece gutural,
grave, forte e desafinando propositalmente nos primeiros versos. O resultado �
�timo. High Moon (Do
not Forsake Me), tema
do filme Matar ou Morrer,
de Dimitri Tiomkin e Ned Washington: Uma
brincadeira instrumental de Dado, Bonf� e de Carlos Trilha, que fizeram uma
vers�o divertida com viol�o, bateria, pandeiro e computadores. Com�dia Rom�ntica: "Ainda n�o
estou pronto para saber a verdade/ Ou n�o estava/ At� uma esta��o atr�s
(...)/ N�o preciso de modelos/ N�o preciso de her�is/ Eu tenho meus amigos/ E
quando a vida d�i/ Eu tento me concentrar/ Num caminho f�cil." Dado
Villa-Lobos d� um show nos arranjos, tocando e costurando guitarras, viol�es,
contrabaixo, gaita e dobro com slide.
A levada � pop, leve, bem resolvida. Dado Viciado: "Por que
voc� deixou suas veias fecharem?/ N�o tem mais lugar pras agulhas entrarem/
Voc� n�o conversa, n�o quer mais falar/ S� tem as agulhas pra lhe
ajudar." Renato Russo canta
sozinho, ao viol�o, essa balada ritmada e ing�nua. Sua voz � fraca e rouca. A
letra, um petardo, nada tem a ver com Dado Villa-Lobos, como avisa o encarte do
disco em nota de p� de p�gina. Esse Dado � chamado por Renato de primo e irm�o
no fim da m�sica, e � viciado em hero�na. E ele avisa: "Mas aqui n�o
tem Village, rua 42/ Me diz pra onde � que voc� vai depois." De novo
Renato mexe com o que mais gosta, contradi��es. Se fosse cantada em javan�s, poder�amos jurar que Dado
Viciado � uma singela can��o de ver�o. Marcianos
Invadem a Terra: "Cuidado com a coisa coisando por a�/
A coisa coisa sempre e tamb�m coisa por aqui/ Seq�estra o seu resgate/
Envenena sua aten��o/ � verbo e substantivo/ Adjetivo e palavr�o." De novo Renato sozinho com viol�o e voz, limpa e n�tida, tocando
um folk aparentemente descomprometido, mas ele pergunta se h� vida em Marte
dissimulando outra quest�o: "E mesmo se eu tiver a minha liberdade/ N�o
tenho tanto tempo assim/ E mesmo se eu tiver a minha liberdade/ Ser� que existe
vida em Marte?" Antes das Seis: "Quem
inventou o amor? (...)/ Enquanto a vida vai e vem/ Voc� procura achar algu�m/
Que um dia possa lhe dizer/ - Quero ficar s� com voc�." � a faixa mais
fraca do disco, nitidamente fora do contexto. I�-i�-i�
vagabundo. Marianne: � uma m�sica
composta e cantada em ingl�s. A voz e o viol�o de Renato Russo foram gravados
em 1986, mas os outros instrumentos foram colocados agora. Uma can��o
tipicamente norte-americana, na regi�o de Paul Simon. Sagrado Cora��o:
uma can��o que n�o possui registro da voz de Renato, de acordo com o encarte.
S�o seis minutos e meio de base, de instrumentos que deveriam estar
acompanhando a voz de Renato Russo. Bel�ssima homenagem. A mensagem de Renato
� de s�plica. No fim, ele diz: "Por isso lhe pe�o por favor/ Pense em
mim, ore por mim/ E me diga: este lugar distante est� dentro de voc�/ E me
diga que nossa vida � luz/ Diga que nossa vida � luz/ Me fale do sagrado cora��o/
Porque eu preciso de ajuda." Travessia do Eix�o: � a m�sica de
encerramento de Uma Outra Esta��o,
uma festa no est�dio, com Renato cantando, tocando e gritando "mais
uma". O Legi�o pegou um conhecido refr�o de rock (No, No) e adaptou para Non� que era o apelido de Juscelino
Kubitschek. Com a participa��o de Bi Ribeiro, dos Paralamas, um coro de nove
pessoas, Travessia do Eix�o inventa
uma bem-humorada santa que protege os pedestres na travessia do eix�o de Bras�lia
(a via principal da cidade), o que � considerada miss�o imposs�vel para
muitos. O andamento mistura rock com elementos regionais e a letra de Nonato
Veras debocha: "Nossa Senhora do Cerrado/ Protetora dos pedestres/ Que
atravessam o eix�o/ �s seis horas da tarde/ Fazei com que eu chegue s�o e
salvo/ Na casa da No�lia/ Non� Non�, Non�, Nonononono..." A m�sica vai
sumindo e o CD- player p�ra. Ponto
final. |
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Skooter 1998 - 2008 |
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