Legi�o Urbana Uma Outra Esta��o
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Por Tr�s da Fama

O Estado de S. Paulo - 25/07/2000

RODRIGO CARNEIRO

No programa da s�rie Por Tr�s da Fama, que o canal Multishow transmite hoje �s 21h30, uma das hist�rias acerca da g�nese da banda brasiliense liderada pelo cantor e compositor Renato Russo (1960-1996) tem sua vers�o real revelada de maneira tranq�ila pelo baterista do grupo Capital Inicial, F� Lemos. At� ent�o, rezava a lenda que o nome Aborto El�trico teria sido inspirado em um cassetete el�trico usado pela repress�o pol�tica intensificada na d�cada de 70. Tal instrumento teria posto fim � gravidez de uma amiga de Renato, que, durante uma passeata estudantil, foi duramente espancada. Imagem forte que ia bem ao encontro da urg�ncia punk dos garotos do Distrito Federal. Entretanto, F� Lemos desmonta a cren�a ao afirmar que, na verdade, ele havia lido um artigo sobre a obscura banda psicod�lica Eletric Flag, publicado num seman�rio musical ingl�s. "Li a m�teria mas nunca cheguei a ouvir a banda", confessa. Mesmo assim, Lemos prop�s uma muta��o da express�o para dar nome ao seu iniciante grupo. "Eu queria Tijolo El�trico, o que foi motivo de piada para todos'', continua. "At� o guitarrista Andr� Pretoris gritar: `O nome tem de ser Aborto El�trico'", conta. Segundo Lemos, a vers�o do cassetete foi uma cria��o de Russo, um m�sico com forma��o universit�ria de jornalista. "Uma mentirinha para a imprensa, ele sabia muito bem que mais importante que o fato � a sua vers�o", diz o baterista. "Renato tinha id�ias e organizava o desespero." Pode-se dizer que � essa a revela��o "bomb�stica" do especial. Ele segue com informa��es de dom�nio p�blico, ao menos para os f�s mais fi�is, e passa pela curta vida do Aborto El�trico, que foi formado em 1979 e, em fins de 1981, j� mostrava sinais de desgaste. A crise teve in�cio quando do aparecimento de m�sicas como Qu�mica, que, no entender de Lemos, passava ao largo da cartilha punk determinante para a cr�tica social de can��es como Que Pa�s � Este?. Ele chega a cantarolar, com certo ar de deboche, o trecho: "N�o saco nada de f�sica/ literatura, gram�tica/ s� gosto de educa��o sexual/ eu odeio qu�mica/ qu�mica". "Achei aquilo horr�vel, falei pro Renato que ele estava decaindo como letrista." O legion�rio Dado Villa-Lobos lembra que o fim do Aborto El�trico foi causado por uma baqueta arremessada em Renato por Lemos. "Num show em Taguatinga, o Renato errou uma nota e o F� jogou a baqueta l� de tr�s na cabe�a dele, dizendo para que tocasse direito", diz o guitarrista. Voz e viol�o - Banda finada, o cantor deu vas�o a sua faceta folk e passou a apresentar-se como o Trovador Solit�rio. Munido apenas de um viol�o, Renato abria os shows das bandas da cidade - Plebe Rude, XXX e Capital Inicial - interpretando suas novas composi��es �picas Eduardo e M�nica e Faroeste Caboclo. "Eram shows aos quais s� mesmo a nossa galera ia, por isso ningu�m estranhava muito aquela onda de m�sica com viol�o", lembra Ronaldo Pereira, baterista do tamb�m brasiliense Finis Africae e atualmente empres�rio do grupo Autoramas. "Durante as apresenta��es do Trovador, fic�vamos jogando moedas e chamando ele de N�lson Gon�alves e Waldick Soriano", diz Philipe Seabra, vocalista e guitarrista do Plebe Rude. "Mesmo assim, ele levava tudo na brincadeira, �ramos um bando de moleques." O Legi�o Urbana deu os primeiros passos em 1983. Num primeiro momento, a banda teria apenas dois integrantes fixos: os fundadores Renato Russo e o baterista Marcelo Bonf�. Os outros m�sicos fariam participa��es eventuais. "Essa seria a id�ia de Legi�o Urbana, ou seja, a cidade inteira participando", explica Dado, que entrou no grupo substituindo o guitarrista virtuose Lambari, totalmente estranho � est�tica p�s-punk inglesa adotada pelo Legi�o Urbana. "Eu escolhia todos os meninos bonitinhos e via se eles tinham um m�nimo de talento musical", ironizou o vocalista, anos mais tarde. "Vi os primeiros shows do Legi�o ainda no circuito underground paulista e fiquei completamente chapado'', diz Nasi, vocalista do grupo Ira!. Ele lembra que os moicanos paulistas surpreendiam-se com aquela banda que mesclava agressividade e lirismo. "Eles tinham toda a atitute e performance punks envoltaS numa atmosfera ultra-rom�ntica." Estouro - Ironicamente, foi a grava��o dos Paralamas do Sucesso para a m�sica Qu�mica que tirou o Legi�o Urbana do anonimato. Presente no repert�rio do primeiro disco de Herbert Vianna e companhia, a can��o deixou os empres�rios da gravadora EMI entusiasmados. "Quando nos viram tomaram um susto porque era mais um trio de Bras�lia com vocalista de �culos", dizia Renato. O primeiro compacto trazia os hits instant�neos Gera��o Coca-Cola e Ser�, que estariam presentes no primeiro disco hom�nimo da banda. O megassucesso aproximava-se. E a rebordosa tamb�m. O tumultuado show no est�dio Pelez�o, em Bras�lia, em 1988, com um saldo de 385 feridos e o discurso inflamado de um perplexo Renato Russo � sintoma da histeria. O document�rio faz refer�ncias aos excessos, em especial ao �lcool e � coca�na, que sempre permearam o estilo de vida de Russo. Traz tamb�m o peso do termo messias, que passou a ser um sin�nimo inc�modo ao m�sico; a decis�o corajosa de assumir a condi��o de homossexual e fazer disso seu principal estandarte. "Eu amo quem eu quiser'', bradou ele, durante apresenta��o em Porto Alegre. As in�meras crises de depress�o e a morte decorrente de complica��es da aids pontuam o document�rio. "Renato Russo foi o nosso Jim Morrison (vocalista do m�tico grupo americano The Doors, morto por overdose em 1971), ele foi aos extremos e nos deixou um legado de selvageria e lirismo'', compara Nasi. "Sem d�vida, o melhor cantor da nossa gera��o."

 

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