Integrantes da Legi�o Urbana anunciam o final da banda

"� imposs�vel continuar", diz Dado Villa-Lobos

(Folha de S�o Paulo -  23/10/1996)

(Por Roni Lima)

Formada em Bras�lia em 1982, a banda Legi�o Urbana acabou oficialmente ontem na sede carioca da EMI. Ainda emocionado com a morte do ''irm�o mais velho'' Renato Russo, o guitarrista Dado Villa-Lobos disse ser ''imposs�vel continuar''.

Em entrevista na gravadora que, em 12 anos, lan�ou os oito discos do grupo, Dado e o baterista Marcelo Bonf� anunciaram que o grupo continua apenas como marca, previram lan�amentos de material in�dito e falaram de suas carreiras individuais.

Por enquanto, o �nico novo lan�amento acertado, provavelmente para o ano que vem, ser� um disco com 11 ou 12 m�sicas que sobraram do �ltimo trabalho da banda, ''A Tempestade ou O Livro dos Dias'', que se tornou um grande sucesso de vendas.

Mas vir� mais por a�. Dado afirmou que existe ''muito material'' gravado dos 12 anos da banda na EMI, principalmente registros de shows ao vivo, como o pen�ltimo, realizado no Metropolitan (Rio) em outubro de 1994.

Dado e Bonf� ainda se reunir�o com a dire��o da gravadora para estudar o que fazer desse material. Poderiam ser lan�ados v�rios CDs separadamente ou, at�, reunidos em uma caixa.

Existe tamb�m a id�ia de se lan�ar um v�deo com registros de entrevistas e apresenta��es do grupo. O pr�prio Dado, por�m, adiantou que h� apenas ''alguns registros'', pois o grupo ''sempre ficou meio alheio a quest�es de imagens''.

Para Dado, que iniciou a entrevista com os olhos lacrimejando, a Legi�o Urbana continua no sentido em que representa ''alguma coisa do patrim�nio cultural deste pa�s''.

FUTURO ART�STICO

O futuro art�stico dos dois remanescentes da Legi�o Urbana ainda n�o est� definido.

''Claro que continuaremos tocando'', lembrou Dado. ''Mas no momento n�o temos vontade de fazer nada.''

Um projeto antigo do guitarrista pode ser materializado com o apoio de outros m�sicos: um disco ''mais pro instrumental, mas com algo ac�stico, eletr�nico''.

Bonf� tamb�m pensa em gravar ''uma coisa instrumental'', sem letra, misturando bateria e teclado.

Seria ''m�sica eletr�nica'', adiantou. Bonf� afirmou que os dois podem ''escolher qualquer caminho''.

''A gente � pop por natureza. Mas ao mesmo tempo temos algo de rock experimental'', disse o baterista. Um estudioso da computa��o gr�fica, Bonf� pode tamb�m realizar trabalhos nesse campo, associados � m�sica.

Dizem que importante agora, para os dois, � superar a dor pela perda do amigo e l�der da  Legi�o Urbana, Renato Russo. ''A vida continua, nada melhor que o tempo passando'', definiu Dado.

Bonf� faz quest�o de registrar que, ao contr�rio do que andou lendo nos jornais, Russo ''lutou at� o fim'' contra a morte. Para Dado, diante do que o amigo vinha sofrendo, sua morte ''foi um al�vio''.