Legi�o Urbana Uma Outra Esta��o
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Pop bem-formatado CD j� pode ser considerado um dos melhores trabalhos do ano. Gazeta do Povo, 23 de Mar�o de 2000 Trata-se de uma bela surpresa o primeiro trabalho-solo do ex-legion�rio. Aqui ficam evidentes as contribui��es do baterista no processo criativo de seu antigo grupo. Imperam tramas de teclados colorem can��es pop bem-formatadas, com letras bastante confessionais ao ponto de criarmos identifica��o com alguns momentos de nossas vidas. Mas O Barco Al�m do Sol �, acima de tudo, uma compila��o de can��es de amor. Isso fica evidente na auto-indulg�ncia presente em vrias passagens do �lbum, que assemelham a um pedido de desculpas a quem voc� ama. Tudo isso embalado por can��es clim�ticas, repletas de atmosfera e com um leve sotaque roqueiro. Ponto para Bonf�, que conseguiu extrair beleza da banalidade do dia-a-dia, em baladas que portam tem�ticas universais retratadas em belas can��es. � um disco sereno, pl�cido, que transmite calma e conforto ao ouvinte, um al�vio para as neuroses e estresses do cotidiano. Aqui temos baladas aparentadas ao material produzido pela Legi�o Urbana posterior a As Quatro Esta��es, como atestam o "Ouro em P�" (parceria de Bonf com Fernanda Takai e John, do Pato Fu), o single "Depois da Chuva" e "Vera Cruz". Esta �ltima � um tema apropriado aos 500 anos da Terra Brasilis, repleto de boas expectativas relacionadas a boa �ndole do brasileiro. Nesse trabalho, Bonf� celebra sua vida em fam�lia, a obra � uma homenagem a sua esposa Simone, a quem � dedicado o disco. Tanto � verdade, que o batismo do lbum rendeu uma hist�ria curiosa, j� que o O Barco Al�m do Sol foi um t�tulo escolhido pelo filho de Marcelo, Thiago. O garoto de oito anos foi testemunha silenciosa do trabalho do pai e, para surpresa de Bonf�, se saiu com um nome mais que apropriado para o trabalho. O ex-baterista da Legi�o Urbana vislumbra horizontes al�m do que poder�amos imaginar. Bonf� vislumbra ao passado ao mesmo tempo em que aponta perspectivas futuras, � o que se ouve em can��es como "Veleiro de Cristal" e "Todos os Sonhos do Mundo", can��es distintas do padr�o "Legi�o Urbana". Mas o melhor fica para a faixa que fecha o disco. Em "Aurora do Sub�rbio", o cantor-baterista consegue o intento de retratar com propriedade a dualidade "amor-carnal/amor-espiritual" em forma de m�sica pop. Nela Fausto Fawcett apresenta uma in�dita faceta rom�ntica, concretizada na letra da can��o. Em O Barco Al�m do Sol, Marcelo Bonf� atesta sua sobrevida art�stica ap�s o fim da Legi�o, sem precisar la�os com seu passado glorioso. (MM) Desde o fim da Legi�o Urbana, Marcelo Bonf� vinha idealizando sem pressa seu primeiro trabalho-solo. Nesse meio tempo, dedicou-se � vida em fam�lia e aos poucos foi concretizando a empreitada, a ser lan�ada agora em maio pela Trama. Disco - Marcelo Bonf�, ex-integrante da Legi�o Urbana fala de seu primeiro disco-solo, O Barco Al�m do Sol Roqueiro investa em temas confessionais e faz parcerias com Fausto Fawcett e Pato Fu Rio de Janeiro - Desde o fim da Legi�o Urbana, Marcelo Bonf� vinha idealizando sem pressa seu primeiro trabalho-solo. Nesse meio tempo, dedicou-se � vida em fam�lia e aos poucos foi concretizando a empreitada, a ser lan�ada agora em maio pela Trama. O Barco Al�m do Sol � o nome do disco e conta com a participa��o de Gian Fabra, Fred Nascimento e Carlos Trilha, m�sicos que acompanharam seu antigo grupo em turn�s pelo Brasil. Este �ltimo tamb�m � respons�vel pela produ��o, dividida com o ex-legion�rio. Bonf� falou ao Caderno G, com exclusividade, sobre este trabalho, que flerta com o passado ao mesmo tempo em que aponta dire��es futuras � carreira do baterista, em sua estr�ia como cantor, letrista e compositor. Na entrevista, Marcelo fala de suas aspira��es art�sticas concretizadas no disco, desde j�, um dos melhores lan�amentos do ano. - Gazeta do Povo: Seu disco aborda temas bastante confessionais. Chego a dizer que muitas das letras parecem at� um pedido de desculpas ou uma tentativa de reconcilia��o. Isso procede? - Marcelo Bonf�:Primeiramente, o disco n�o foi desenvolvido em fun��o das letras, e sim em fun��o de timbres de teclados e de id�ias para arranjo de cordas. Gosto desse tipo de coisa e a maioria das melodias foi feita em cima de uma coisa bem-amarrada. Elas s�o confessionais na medida que descobri n�o estar confinado. Pedia letras para outras pessoas e percebia que algumas delas n�o tinham nada a ver comigo. Ent�o percebi que n�o estava afim de ser apenas um int�rprete e, paralelamente, comecei a escrever minhas coisas. Mas o autor das letras � uma "terceira pessoa". A maioria delas foi feita por mim e pelo Gian em cima desse processo que mencionei. J� tinha os temas e muitas daquelas frases hoje n�o sabemos qual de n�s fez. Trabalhamos em dupla tanto em cima disso, que acabou pintando uma "terceira pessoa". Ambos se identificam completamente com o disco. - Quanto � sonoridade, acho que uma das virtudes do disco � a sensibilidade de abordar temas universais em formato pop, de uma forma n�o-caricata. Chego a ver um paralelo com a sonoridade da Legi�o posterior ao �lbum As Quatro Esta��es, que foi uma guinada um pouco nessa linha. Isso procede? - N�o posso te dizer porque todas as letras da Legi�o foram feitas pelo Renato. Na Legi�o, a qu�mica era legal ao ponto de cada um estar completamente voltado para suas respectivas �reas. � claro que quando comp�nhamos, desde as primeiras composi��es nos tempos de garagem, d�vamos sugest�es ao trabalho de um ou de outro para que rolasse um encaixe de id�ias. Antes de fazer esse trabalho, n�o tinha pr�tica em fazer letras. E o desenvolvimento dos temas do Renato realmente foi se desenvolvendo com o tempo. Foi uma coisa �ntima dele a maneira como ele abordava aquilo. Como o Renato escrevia sozinho, sei que tinha as aspira��es e as fontes de refer�ncia dele - assim como eu e o Gian tamb�m temos e isso se fundiu numa "terceira pessoa". Ent�o acho dif�cil apontar paralelos, s� uma terceira pessoa, de fora, � que pode fazer esse tipo de compara��o, mas a partir de suas refer�ncias pessoais. � uma coisa muito subjetiva, mas � claro que existem muitas coisas em comum. E s� voc� mesmo pode apontar seus pontos em comum com outra pessoa. - Queria que voc� falasse sobre as parcerias com o pessoal do Pato Fu e com o Fausto Fawcett. Este �ltimo chega at� a mostrar uma at�pica faceta rom�ntica em "Aurora do Sub�rbio". Pois �, na etapa de procurar verbalizar o que eu sentia naquelas m�sicas, comecei a escrever e a procurar pessoas. E acabei encontrando o Gian e come�amos a trocar id�ias sobre as letras. Mas, paralelamente, mandei duas m�sicas para a Fernandinha e para o John. Era uma coisa muito subjetiva, idealizava uma pessoa capaz de desenvolver os temas, porque as m�sicas j� tinham perfil. Em "Aurora do Sub�rbio", tinha a id�ia de uma can��o rom�ntica, mas colocando alguns elementos mais fortes: de amor carnal, uma coisa de paix�o mesmo. Ao mesmo tempo, queria juntar a id�ia de um amor espiritual. E realmente achava que, com seu perfil, o Fausto saberia se adaptar �quilo depois de uma conversa. Quando ligava para uma pessoa e chegava ao ponto de mandar uma fita, n�s fic�vamos um temp�o conversando, porque essas m�sicas j� eram um xod� para mim. Mesmo sem letra, elas j� tinham um conceito b�sico e n�o estava disposto a abrir m�o de um monte de coisas. Tinha que ficar horas conversando e explicando o porqu� de achar que aquilo deveria ser assim. E depois de tudo isso, falava que a pessoa poderia fazer o que quisesse (rindo). A� entre as pessoas que me deram resposta e que realmente adorei o que fizeram estavam a Fernanda e o Fausto. Primeiramente, mandei duas m�sicas para a Fernanda e ela me fez uma, "De um Jeito ou de Outro". Meses depois, liguei de volta e ela me mandou uma letra e o John, outra. E te confesso que ali tinha uma letra pronta: metade feita pelo John e metade pela Fernanda e sugeri que eles misturassem as id�ias numa s� letra. Dito e feito: a letra de "Ouro em P�" � realmente "John & Fernanda". - "Depois da Chuva" faz alus�o num mesmo verso ("...H� tempos, eu sei que n�o sei viver sem seu carinho...") a duas can��es da Legi�o. Foi de prop�sito? - (rindo) N�o foi, te juro. Inconscientemente pode ter at� ter havido alguma rela��o, mas era s� uma frase solta. Assim como tamb�m existem outras refer�ncias em "Vera Cruz", que o primeiro verso e a melodia lembram uma m�sica da Legi�o (a m�sica referida � "Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto"). Mas � s� ali! Quer dizer, s�o coisas inconscientes que brotam. Realmente deixei a coisa vir porque n�o tenho dom�nio sobre isso. No in�cio, queria seguir um caminho completamente diferente e, no meio disso, descobri que eu realmente tinha uma liga��o. - Em algum momento voc� sentiu o peso de ter seu trabalho comparado ao da Legi�o? Confesso que, no come�o, estava mais ligado aos timbres e voltado para dentro de mim. A vibra��o desse disco nasceu l� por volta de 96 e at� j� tinha alguma coisa feita antes disso. Mas, no decorrer do trabalho, me questionei uma s�rie de coisas. At� procurava sarna pra me co�ar no que as pessoas falavam, mas n�o encontrei (risos). Fui fazendo o disco e, quando me perguntava porque estava fazendo aquilo, desencanava porque j� estava no meio do trabalho. Estava me divertindo, era uma coisa sincera. E teria que encarar o que pintasse pela frente. Na verdade, esse disco � uma evolu��o do meu trabalho. E, como eu vim da Legi�o Urbana, essas compara��es s�o inevit�veis. |
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Skooter 1998 - 2008 |
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