Legi�o Urbana Uma Outra Esta��o
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Parece que foi ontem

Jornal "O Povo"

Parece que foi ontem...
Data: 12/10/96 Tamanho: M
Editoria: Vida & Arte P�gina: 4B
Clich�: Primeiro
Autor: Adriano de Lav�r
Observa��o: Continua��o da mat�ria anterior

Parece que foi ontem. O Paulo Sarasate lotado de adolescentes que tinham muito tempo a perder, assim como eu. No palco, o Legi�o fazia mais um show em Fortaleza... Quem n�o sabia a letra de "Faroeste Caboclo" decorada? Era a saga que todo mundo queria viver, eram os sonhos de uma gera��o que n�o sabiam como aproveitar a liberdade depois de 20 anos de ditadura. No palco, Renato Russo se debatia em uma coreografia fren�tica, acompanhado com �xtase pela multid�o. Eduardos e M�nicas aprendendo a crescer, com "ferrugens nos sorrisos", embriagados pelos acordes de m�sicas urbanas do Legi�o Urbana.
Renato Russo significava, para aquela multid�o que se espremia no est�dio, a liberdade de n�o se precisar provar nada pra ningu�m. Ningu�m precisava saber de nada. Ele, que se fez em mil peda�os, odiava qu�mica - como a maioria da popula��o secundarista - e protestava contra as usinas nucleares em Angra dos Reis. As pessoas que assistiam aquele show, h� quase 10 anos, acreditavam que ele falava pela boca de um anjo. Auto-afirma��o, sexo, drogas, rock'n roll e vestibular disfar�ados de m�sica pop.
Quem cresceu junto com Renato Russo e acompanhou sua trajet�ria nos palcos e CDs j� sentia o cheiro da morte em seus �ltimos trabalhos. Uma melancolia extrema, quase sem querer, que era clara em Stonewall. Renato j� pressentia que estava pr�ximo � cova dos le�es, mesmo cantando can��es italianas. Como se ele desconfiasse que os ventos do litoral lhe soprassem no ouvido as �ltimas inspira��es. Foi um aborto el�trico que o trouxe ao mundo. Foi uma tempestade que o levou.

 

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