Legi�o Urbana Uma Outra Esta��o
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Sexo e drogas eram temas frequ�ntes das entrevistasVoc� tem um filho adotivo? (Denise Domingos, Amiga, 4 de janeiro de 1990) Renato Russo - N�o. � que, na �poca, eu sa�a falando para todo mundo que Taissa Fortuna era minha filha. Mas n�o �, ela � minha prima. O pai dela est� no hospital e n�o vai sair t�o cedo. Ent�o, assumo as fun��es de pai. Ela pode me chamar de primo, de J�nior, mas eu serei sempre seu tutor. Vou tomar conta da educa��o dela, sou seu pai. E a paternidade? Russo - Para mim, o mais importante, com a chegada do meu filho, foi a mudan�a de rela��o com meus pais. Passei a ver toda a situa��o de uma maneira diferente. Pintou mais respeito, mais considera��o. At� o momento em que meu filho nasceu, eu nunca havia percebido meus pais como indiv�duos. Minha rela��o com ele � maravilhosa. Mas sou bem dur�o, ele me respeita. O mais importante � ele saber que meu amor n�o � condicional, n�o depende de nada que ele fa�a. Como fica essa hist�ria (a de ser homossexual) com rela��oo ao seu filho? (Deborah Berman, Manchete, 16 de julho de 1994). Russo - Ele s� tem 5 anos. Talvez eu tenha de voltar a fazer an�lise. Mas parte do meu trabalho � de olho no futuro de meu filho. Eu quero que ele saiba que tento ser um grande homem, independentemente da minha orienta��o sexual. E a m�e dele? Russo - N�o falo sobre isso. Aconteceu porque sou homem. Quer dizer, tenho uma prefer�ncia afetiva, mas nada � definitivo. A gente tem o direito de mudar. Eu como panqueca com mel, mas um dia decido preferir p�o de queijo. Tenho um chamado para um certo tipo de comportamento, mas n�o gosto de gueto, daquela atitude xiita, hist�rica. N�o existe s� o dia e a noite. H� o meio-dia, o p�r-do-sol... Em rela��o a seu filho Giuliano, voc� tamb�m tem bloqueio emocional? (Maria Helena Passos, Marie Claire, janeiro de 1995) Russo - N�o, o que acontece � que eu o adoro demais. Talvez isso se dilua se morarmos juntos. Toda vez que eu o vejo, d� uma vontade de agarr�-lo e dizer: "Giuliano, vai dar tudo certo, pronto, fica aqui comigo." Mas, ent�o, o que eu vou falar? O que vou fazer? Ele � uma pessoa e n�o um bibel. Tenho de ter uma rela��o normal com ele. Essa euforia, essa felicidade exagerada, essa emo��o... Voc� n�o sabe o que fazer ou porque est� t�o deprimido ou porque est� contente... Pensei que n�o ia mais sentir isso desde que abandonei o �lcool. Eu bebia para sentir mais, entendeu? H� um certo consenso em incluir voc�, o Cazuza e o Arnaldo Antunes entre os melhores poetas da nova gera��o, uma coisa que viria da m�sica e n�o da poesia livresca. Voc� concorda com essa avalia��o? (Luiz Carlos Mansur, Jornal do Brasil, 23 de janeiro de 1988) Russo - Eu me sinto honrado por isso, mas me vejo mais como letrista, mesmo. Eu escrevo algumas poesias em casa, mas eu n�o tenho coragem de mostr�-las. O que o levou a ser um roqueiro? (Renato Lemos Dalto, O Estado, Florian�polis, 17 de julho de 1988) Russo - Sempre gostei de m�sica como forma de express�o. Os rom�nticos de antigamente, como Casimiro de Abreu, escreviam poesias quando tinham 20 anos. Depois, no in=EDcio do s�culo 20, vieram os pintores e escultores da Semana de Arte Moderna. Teve o pessoal que fazia teatro coletivo na d�cada de 60 aqui no Brasil. Para n�s, o rock foi o caminho ideal. � mais f�cil compor uma can��o e cantar do que escrever um livro. Qual a outra alternativa? Fazer um v�deo? Isso � outra �rea, outra gera��o. Como sou muito verbal, nenhuma outra forma iria traduzir o que eu queria dizer. E o papel pol�tico que o artista representa usando essas letras? Russo - Eu n�o gosto de comentar sobre essas coisas. �s vezes, penso se n�o concordo com Plat�o... Na Rep�blica, ele fala que os artistas s�o nocivos para a sociedade. E a �poca do Geraldo Vandr�? Renato Russo - Foi h� 20 anos e Vandr� ficou louco. Por que voc�s n�o v�o participar do Hollywood Rock? (S�nia Maia, Jornal da Tarde, 20 de outubro de 1989) Russo - D� um tempo, n�! A juventude est� sendo enganada! N�o estou a fim, pelo mesmo motivo que voc� nunca ouviu m�sica da Legi�o em novela da Globo. Fazemos at� Fant�stico, talvez tenha at� uma m�sica em novela um dia, mas tentamos nos resguardar de certas coisas. N�o sei se seria positivo para a Legi�o fazer Hollywood Rock. Al�m do mais, para isso existe o Capital Inicial. Como vamos cantar o que cantamos, com um baita bandeir�o do Hollywood atr�s? Mas todo mundo � hip�crita. Quem sabe um dia fazemos. Voc� acredita em Deus? (Humberto Finatti e Mario Mendes, Isto �/Senhor, 1 de novembro de 1989) Russo - Claro. Acredito. E tem alguma religi�o? Russo - Sou cat�lico apost�lico romano, mas eu detesto... Mas h� quantos anos n�o entra numa igreja? Russo - N�o � uma quest�o de quantos anos n� entro numa igreja porque a quest�o n�o � bem essa. A minha B�blia est� na minha mesa de trabalho. Agora, eu n�o tenho tido muita vontade de entrar numa igreja, porque certas igrejas transmitem paz, mas em outras eu fico pensando: "Meu Deus, quem � que varre isso? Aqui � t�o feio, t�o sujo. Olha como eles s�o pobres! O Vaticano com tanto ouro e eles ficam com essas estatuazinhas velhas." Acho que voc� pode pegar os ensinamentos da religi�o e aplicar isso dentro de casa, com seu pai, com sua m�e, sua esposa, seu filho e com quem trabalha com voc�. Voc� escreveu que gostava de meninos e meninas. Uma bandeira em prol do bissexualismo? (Antonio Carlos Miguel, O Globo, 1 de julho de 1992) Russo - Acho que n�o, aquilo � uma bandeira em favor da Igreja Cat�lica. Eu tamb�m falo que gosto de S�o Francisco. Depende de como voc� v� a letra. De onde voc� tirou o nome Renato Russo? (Bia Abramo, Bizz, abril de 1986) Russo - � porque, desde pequeno, eu tinha minhas bandas imagin�rias. Ainda mais que eu sou f� do Fernando Pessoa e, quando descobri que ele tinha heter�nimos, eu inventei logo os meus. Eu "tinha" uma banda chamada Forty Second Street Band, que era at� com o Jeff Beck e com o Mick Taylor. Eu era um cara chamado Eric Russel. Achava esse nome a coisa mais linda do mundo e a� eu era loiro e lindo e cheio de gatinhas. Depois, tinha o Rousseau, o Jean- Jacques: eu gostava daquela coisa do nobre selvagem... Da�, tinha o Henri Rousseau, um pintor que eu amo, e o Bertrand Russel, que eu acho um cara muito legal. Ele escreveu uma coisa bacana, Hist�ria da Filosofia Ocidental. Ele fala que a grande contribui��o do s�culo 20 (e o rock est� inclu�do) vai ser a uni�o de todas as na��es em uma s�. |
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Skooter 1998 - 2008 |
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