Legi�o Urbana Uma Outra Esta��o
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O ROQUEIRO DO AMORE MIO

(Trechos da Entrevista, Revista  Ele Ela - 12/1995)

 

N�o estranhe se um dia voc� ouvir ele fazer jus ao nome e cantar em russo. Depois de embalar Eduardos e M�nicas com o rock da Legi�o Urbana, Renato Russo gravou Stonewall Celebration em ingl�s no ano passado, e agora ataca em italiano, com Equil�brio Distante. O vozeir�o fica a servi�o do romantismo que inspirava as mammas e babbos do cantor. (...)

(Por Cristiane Sim�es e Renato Guima)

 

A id�ia do disco em italiano veio depois da experi�ncia em ingl�s com o Stonewall Celebration?

Renato Russo- Trabalhamos at� outubro do ano passado, fizemos a turn� do Metropolitan e depois o Dado e o Bonf�  j�  tinham outros projetos. Fiquei me perguntando: o que vou fazer? At�, que um dia resolvi ir a uma loja de discos e achei uma se��o enorme de m�sica italiana. Puxa, n�o conhecia nada disso, a n�o ser algumas da minha inf�ncia. Comprei uns quatro discos e fiquei surpreso com as letras. S�o muito parecidas com a tem�tica da Legi�o. O canto deles tamb�m, pr�ximo do meu jeito de interpretar. Comentei com o pessoal da (gravadora) EMI-Odeon que queria gravar em italiano e, em duas semanas, me mandaram para a It�lia. Foi j�ia. N�o sei nada de italiano, apenas repetia as letras. A produ��o foi toda minha, da ordem das m�sicas aos arranjos.

  

O disco surgiu tamb�m por causa de sua ascend�ncia italiana?

RR- �. N�o queria fazer um disco solo em portugu�s, sen�o todo mundo ia come�ar a dizer que a Legi�o acabou. A m�sica remete a emo��es... Nessa viagem, aproveitei e fui a cidade de Cremona para ver a certid�o de casamento dos meus bisav�s, que vieram para c� em 1875. Ainda descobri que este ano comemoramos os 150 anos da imigra��o italiana, teve tudo a ver.

  

Chegou a conhecer os compositores que gravou?

RR- Conheci s� os produtores das m�sicas. Foi bom conhecer o pa�s, sentir o cheiro da terra, ver como as pessoas andam na rua, ouvir o som do idioma para ficar com esp�rito italiano.

  

E os projetos de show com esse disco?

RR- Por enquanto, n�o tem nada definido. A l�ngua n�o � t�o conhecida e ainda por cima as r�dios est�o tocando Laura Pausini, que canta quatro m�sicas que gravei. N�o sei se vai ter briga do tipo n�o vou tocar a vers�o do Renato porque j�  tem a da Laura em espanhol. Mas � um bom disco para o ver�o, para namorar.

  

Por que n�o teve show com Stonewall?

RR- Porque j�  estava em turn� com O Descobrimento do Brasil. D� trabalho, tem que juntar os m�sicos e ensaiar, n�o � como com o grupo, que j�  est�  careca de saber. Nunca tinha feito m�sica pop e � mais  dif�cil do que rock. O Legi�o � muito mais mole. Ficou menos brega do que tinha imaginado, mas h�  umas coisas estilo Faf� de Bel�m no Doming�o do Faust�o. (risos)

  

Pretende alcan�ar um p�blico que n�o conhece suas m�sicas?

RR- Essa n�o foi minha preocupa��o. Pensei o seguinte: ser� que consigo pegar essas m�sicas bregas e fazer com que as pessoas se emocionem com isso? Foi tipo quando o Caetano gravou Sonhos, do Peninha. Ningu�m dava nada pela m�sica e todo mundo ficou falando depois: "Que coisa linda!"

  

E o povo italiano conhece o trabalho da Legi�o?

RR- Muito pouco. Eles conhecem mais Chico, Caetano e Roberto Carlos. Quis colocar algumas coisas brasileiras no disco e ficou at� engra�ado porque n�o entendo nada de bossa nova. Mas resolvi gravar "Wave" e "Como Uma Onda" para ter algo brasileiro e para fazer uma homenagem pro Tom Jobim. Quando ou�o o disco, n�o me lembro da It�lia, me lembro de uma �poca da minha inf�ncia. Minha tia e todos aqueles coroas ouvindo Pepino di Capri, Rita Pavone. A pr�pria Jovem Guarda tinha muito dessa influ�ncia da m�sica italiana. Num determinado momento, isso se perdeu. Tinha o filme Candelabro Italiano, coisas bem anos 60, mas depois sumiram, com a entrada da m�sica americana.

  

E como vai a Legi�o?

RR- Muito bem. O Dado e o Bonf�  foram para Londres cuidar da remasteriza��o e as caixas ficaram legais. Esse relan�amento � importante porque a primeira tiragem dos discos � �tima, mas depois vai decaindo. E, como a gente vende razoavelmente bem, daqui a pouco voc� compra o disco na loja e est�  tudo fora de registro. Al�m disso, nossos tr�s primeiros discos n�o foram feitos para ser CDs. Muitas pessoas ainda t�m o disco em vinil e n�o em CD.

  

Mas vai demorar quatro anos de novo para ter show?

RR- N�o, claro que n�o. Sei que est�  na hora de fazer, mas agora estamos trabalhando no pr�ximo disco.

  

Como � o processo de composi��o das m�sicas?

RR- A gente faz uns peda�os, depois pega e fica ouvindo. J�  devo ter umas cinco ou seis letras e mais uma por��o de id�ias para o pr�ximo disco. Guardo tudo numa sacola velha. Se por acaso uma letra n�o entra no disco, guardo e depois coloco em outro que tenha a ver. Tamb�m coleciono poss�veis t�tulos.

  

E como come�a a produ��o do disco?

RR- Marcamos est�dio e cada um j� leva alguma coisa pronta. O Bonf� comp�e bastante... Ali�s, as pessoas t�m mania de achar que sou eu que fa�o tudo. O Dado �s vezes traz a melodia acabada, s� fica faltando a letra.

  

O que � mais complexo?

RR- Escolher as letras. Na hora de gravar o disco, n�s sentamos e escolhemos o que tem de melhor nas fitas. Gravamos na pr�-produ��o e sai uma beleza, mas depois n�o conseguimos reproduzir igualzinho, o que � um saco. Somos mais intuitivos do que m�sicos. A parte que demora mais � a composi��o das letras. Demorei tr�s meses para escrever "H�  Tempos".

  

Os seus discos tamb�m relembram alguma fase da sua vida?

RR- � diferente. Como � trabalho, geralmente n�o consigo fazer essa associa��o. Se eu estiver bem e tocar "Angra dos Reis", eu fico melhor. Mas geralmente n�o � assim. O que me lembro mesmo � do trabalho que d� as grava��es e, quando fica pronto, j�  ouvi tantas vezes que n�o d�, n�o tenho saco.

  

N�o d�  vontade de pegar um CD do grupo e ouvir?

RR- De bobeira, n�o. Posso falar, hoje vou ouvir, e fa�o como trabalho, analisando. � aquela coisa que o padeiro fala, quando oferecem p�o a ele: "Chega!"

  

O que voc� ouve ent�o?

RR- Gosto muito de m�sica cl�ssica.

  

Por isso, o �ltimo show foi aberto com ela?

RR- Acho emocionante aquela abertura da Flauta M�gica de Mozart. Todo mundo gritando "vai come�ar!" Deixa uma expectativa legal. Todos abrem shows com Carmina Burana. N�o ag�ento mais ouvir aquilo! Est� muito clich�. � igual esses discos que vendem s� Quatro Esta��es, de Vivaldi, e Valsa das Flores, do bal� Quebra Nozes, de Tchaikovsky.

  

Quais s�o seus compositores prediletos?

RR- Teve uma �poca em que s� ouvia compositores bem antigos, at� o tal do an�nimo. Ali�s, esse cara escreveu muito, n�? (risos) E coisas mais recentes tipo Debussy, Eric Satie e Stravinsky. Agora, de dois anos para c�, tenho escutado muito m�sica rom�ntica, que antes achava chato, tipo Brahms, Schubert. Gosto muito de anos 60 e 70. Dos 80, n�o ou�o quase nada.

  

Por qu�?

RR- N�o gosto. N�o tenho saco para ouvir New Order e The Cure. J� David Bowie e Rolling Stones eu adoro.

  

E grupos brasileiros?

RR- Gosto muito do Pato Fu. Tem alguns grupos que eu respeito pra caramba. O Tit�s, principalmente da �poca do Arnaldo. Acho "Jesus N�o Tem Dentes No Pa�s Dos Banguelas" um dos melhores discos de rock de todos os tempos. Geralmente gosto de ouvir outras coisas como Kid Abelha e Paralamas. J�  ouvi muito Pink Floyd, aquele disco da vaca (Atom Heart Mother). Era s� acordar e ir direto ouvir, at�, furar. N�o tenho mais 14 anos, estou a fim de ouvir outras coisas al�m de rock. As coisas andam meio esquisitas depois da morte do Kurt Cobain. A sensa��o � a mesma que se viu com a morte dos Beatles. Ficou um vazio, o panorama mudou e, agora, com o ex-Nirvana, aconteceu a mesma coisa.

  

A id�ia � continuar sempre assim?

RR- N�o podemos nunca mudar a concep��o da banda. O V (cinco) � um disco bem depr�, O Descobrimento do Brasil tem coisas s�rias e outras leves. N�o posso fazer Que Pa�s � Este? 2 e 3. Gosto muito de falar sobre  relacionamentos humanos, sobre amor. H�  coisas que escrevo e n�o fa�o com o grupo. N�o tem nada a ver. � como se colocasse um sof�  na cozinha. Meus amigos falam: 'p�xa, Renato, como voc� � conservador!' Por isso, pude colocar tanta coisa rom�ntica nesse disco em italiano. Assim, n�o vou precisar fazer esse g�nero com a Legi�o. Sen�o, os f�s v�o falar que estamos virando Legi�o Rosana.

  

Isso n�o � meio ditatorial: o p�blico achar que voc�s s� t�m que tocar coisa pesada?

RR- Existe, mas gosto de acreditar que fa�o o que quero, respeitando o p�blico. N�o posso fazer samba enredo.

  

E as cr�ticas da imprensa?

RR- J�  fomos os queridos da cr�tica at� o terceiro disco. Mas � chato saber que aquilo que deu tanto trabalho vai ser julgado por um cara que ouve tr�s segundos de cada faixa, para dizer � assim ou assado. Houve uma cr�tica sobre O Descobrimento do Brasil que decorei de t�o rid�cula. "O Brasil descoberto pela Legi�o Urbana � t�o decepcionante quanto as den�ncias de corrup��o da CPI." Puxa! Teve outra que dizia: "As letras s�o inintelig�veis, n�o fazem sentido, como Meu tornozelo co�a por causa de mosquitos/Estou com cabelos molhados/Me sinto livre." Nossa, ou essa senhora n�o toma banho, nunca foi � praia ou em S�o Paulo n�o tem mosquito. (risos)

  

Mas com as cr�ticas � viol�ncia que tumultuou alguns shows da Legi�o voc� concorda, n�o �?

RR- Teve uma �poca em que alguns f�s projetavam as fantasias m�rbidas na minha pessoa. Isso aconteceu tamb�m com Cazuza e Lob�o. A maioria das pessoas � legal, mas tem uma minoria que atrapalha, que quer fazer algazarra. Ai de mim se n�o tocar "Eduardo e M�nica" nos shows. (risos)

  

O que sente com aquela galera gritando seu nome?

RR- A adrenalina vai a mil. � muito emocionante, d�  um nervoso, mas quando chego no palco, tudo passa. Eu enxergo cada pessoa que fica ali na frente, pe�o at�, para iluminar a galera para eu ver melhor. Deu  at� para ver aquela menininha que vai a todos os shows e cantar uma m�sica olhando s� para ela.

 

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