Legi�o Urbana Uma Outra Esta��o
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Legi�o Urbana se desencontra do rock'n'roll(Folha de S�o Paulo - 19/09/1996) (Por Marisa Ad�n Gil) H� tempos, a
Legi�o Urbana vive um dilema: � um grupo de rock, mas n�o consegue mais se
encaixar nesse formato. "A
Tempestade ou O Livro dos Dias", o novo CD, apenas leva o dilema mais
longe. At� quando ser� poss�vel conciliar uma f�rmula desgastada com letras
que nada t�m a ver com rock'n'roll? Renato Russo,
diga-se, continua um �timo letrista. Basta folhear o encarte do novo disco para
topar com imagens perturbadoras e versos comoventes. Como cantor, est�
ainda melhor. A experi�ncia de dois discos solo parece ter ampliado seus
limites e sua seguran�a. Falsetes, graves
ou vocais rascantes soam naturais em sua voz, mais vers�til do que as da m�dia
dos vocalistas nacionais. A banda Dado
Villa-Lobos (guitarra) e Bonf� (bateria, percuss�o), auxiliados por Carlos
Trilha (teclados) tenta acompanhar. Chega at� mesmo a procurar combina��es in�ditas
de ritmos. N�o disfar�a,
por�m, o sentimento de que estamos ouvindo o mesmo disco de tr�s anos atr�s.
S�o os mesmos rocks e baladas, rearranjados, mas com um gosto indisfar��vel
de nostalgia. N�o se
encaixam, de maneira nenhuma, com as novas letras de Renato. Com arranjos de
cordas ou teclados melosos, soam frouxas, estranhas ou bregas. � como se Russo
estivesse compondo para algum �lbum solo, esperando outro som, outros ritmos. J� era assim em
"O Descobrimento do Brasil", disco de 1993. Em "A
Tempestade", o problema se espalha pela maioria das 15 faixas (67 minutos
de dura��o). O maior exemplo
� "Longe do Meu Lado". A faixa tem uma das melhores letras do disco,
mas n�o convence nem por um segundo. Merece uma regrava��o. Em "A Via L�ctea",
versos como "mas n�o me diga isso" flutuam sobre a melodia, sem nunca
se unir a ela. Casos semelhantes s�o os das baladas "L'Avventura" e
"Esperando por Mim". Novo som Quatro faixas
salvam o disco. "1� de Julho", registrada em vers�o demo, �
precisa, crua, direta. Lembra a Legi�o
do primeiro disco, com uma convic��o que n�o se ouve h� muito tempo. No outro
extremo, est� "Soul Parsifal", parceria de Russo com Marisa Monte. A faixa aponta
uma solu��o para o dilema: um som novo para o grupo, tipo new bossa. H� ainda a
pesada "Nat�lia", que abre o CD com volume m�ximo e letra forte
lembra um pouco o hit "Perfei��o". O balan�o de
"M�sica Ambiente" empresta um pouco de alegria ao �lbum, quase todo
tomado por letras tristes e/ou contemplativas. Pouco para um
disco t�o longo, ou para uma banda que j� teve tanto a dizer. Talvez o rock n�o
precise mais da Legi�o. Ou, o que � mais prov�vel, a Legi�o n�o precise
mais do rock. |
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Skooter 1998 - 2008 |
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