Legi�o Urbana Uma Outra Esta��o
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ROCK BRAS�LIA (Revista Manchete - 1986) (Por Ana Gaio) Tudo come�ou
com o estouro dos Paralamas do Sucesso, que, mesmo tendo sido formado no Rio,
fez quest�o de fazer propaganda do pessoal de Bras�lia. Afinal, Herbert Vianna
e Bi Ribeiro, guitarra e baixo dos Paralamas, passaram a adolesc�ncia
assistindo ao nascimento e crescimento do movimento punk do Planalto Central.
Por isso sabiam que o pessoal era competente e n�o pensaram duas vezes ao
afirmar: "De onde n�s viemos tem muito mais!" Herbert levou a coisa t�o
a s�rio que promoveu o primeiro show da turma de Bras�lia na Rio: Circo
Voador, julho de 83. O sucesso foi tanto que as gravadoras sa�ram � ca�a. A primeira a ser
contratada pela Odeon foi a Legi�o Urbana, que tem a frente Renato Russo, um
dos precursores do movimento, pois era da forma��o do Aborto El�trico,
primeira banda punk de Bras�lia. Renato Russo (voz), Marcelo Bonf� (bateria),
Dado Villa-Lobos (guitarra) e Renato Rocha (baixo) surpreenderam pelas letras
pol�ticas e questionadoras. Afinal, o panorama do rock brasileiro estava mal
acostumado �s letras descompromissadas e rom�nticas da Blitz e do Kid Abelha.
A Legi�o estourou com o primeiro disco, a m�sica Sera? tomou de assalto todas
as r�dios do pa�s, e Renato Russo passou a ser uma esp�cie de guru da
juventude brasileira, desgostosa com sua situa��o atual. "E pensar que
pouco tempo antes ningu�m prestava aten��o �s nossas letras", conta
Renato Russo. "E em Bras�lia chegaram a nos chamar de colonizados porque
faz�amos rock." E Bonf� lembra o momento exato em que o sonho de um bando
de meninos rebeldes tornou-se realidade. "O que mais nos deu for�a foi
quando os Paralamas gravaram o primeiro disco. A gente percebeu que nosso sonho
era vi�vel, porque, afinal, o Herbert e o Bi eram pessoas de nossa turma."
E tanto era verdade que a Legi�o � considerada, hoje, uma das bandas mais
importantes do pa�s. Satisfeita com o
desempenho da Legi�o, e ainda pressionada por Herbert Vianna, que a essa altura
j� era o maior nome do rock brasileiro, a Odeon resolveu investir mesmo no rock
de Bras�lia e contratou a Plebe Rude. "Eles queriam que eu produzisse o
disco de uma banda e eu respondi que s� se fosse a Plebe, mas nem eu mesmo
acreditei que eles fossem trazer o pessoal de l�", conta Herbert. E Jander
Bilaphra (guitarra e vocais), Gutje (bateria), Andr� X (baixo) e Philippe
Seabra (guitarra e vocais) aterrisaram no Rio de Janeiro cheios de esperan�a.
"Posso ser a minoria mas pelo menos falo o que quero." A letra de
Prote��o mostra que eles n�o botam panos quentes em nada. O impacto forte e
direto de suas can��es � uma prova de coragem dos rapazes. Criticam as
institui��es e ainda fazem autocr�tica: "Voc� � m�sico, n�o �
revolucion�rio / Fa�a o que eu te digo que eu te fa�o milion�rio"
(Minha Renda). A presen�a da capital federal � forte no trabalho dos quatro
rapazes: o poder, a mis�ria, a corrup��o. Eles respiraram isso durante toda a
adolesc�ncia. "Os jovens de Bras�lia formam dois grupos. At� porque
filho de corrupto quando d� pra ser corrupto supera todas as
expectativas", afirma Gutje. A Plebe s� abandonou Bras�lia por motivos
profissionais, mas Philippe n�o esconde que a paix�o do pessoal n�o era
propriamente pela cidade, mas pela turma que o pessoal do rock conseguiu formar.
"No fim, n�s n�o tinhamos tes�o pela cidade. Ela � mesmo um t�dio, mas
foi isso que criou a turma. Sem Bras�lia, nada disso teria acontecido." "A Europa
est� um t�dio / Vamos transar com estilo / N�s s� temos um rem�dio / Descer
o Rio Nilo." O Capital Inicial n�o desceu o Rio Nilo, mas encarou a
estrada em dire��o a S�o Paulo. O primeiro contrato foi com a CBS, mas a
coisa n�o deu certo. Lan�aram um compacto com as m�sicas Descendo o Rio Nilo
e Leve Desespero, mas a gravadora n�o se entusiasmou. "Ela queria um
sucesso imediato. A �nica gravadora que tinha vis�o era a Odeon que contratou
a Blitz, Paralamas, Legi�o e Plebe. Enfim, era um problema de marketing, e n�s
ficamos nesse emba�o durante um ano", lamenta Dinho, vocalista do Capital
Inicial. E a prova de que a CBS marcou no lance � que Dinho e seus
companheiros, Loro Jones (guitarra). F� Lemos (bateria) e Fl�vio Lemos
(baixo), contratados pela Polygram, lan�aram seu primeio LP em 86, com o mesmo
repert�rio que tinha sido rejeitado na outra gravadora, e entraram 87 com um
disco de platina e dois hits tocando nas r�dios: M�sica Urbana e Psicopata.
Suas m�sicas podem n�o ser politizadas como as do resto do pessoal, mas no
dia-a-dia a preocupa��o com o futuro do pa�s � a mesma. "Nas elei��es
de novembro, n�o tinha nenhum candidato falando o que eu quero ouvir",
reclama F�. "Eu fiquei mais assustado quando soube que eles n�o tem prazo
pra fazer essa Constitui��o. N�o v�o terminar nunca. Cada um vai querer usar
em seu proveito, e todo mundo sabe no que vai dar." Bem, esta � um
pouco da hist�ria do rock de Bras�lia e do Brasil, por que como mesmo disse o
Philippe: "Sem Bras�lia, nada disso teria acontecido."
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Skooter 1998 - 2008 |
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