BONF�

Chegou a Sua Vez

(Mat�ria publicada no Fanzine Esta��o Urbana, em Julho de 1998, mas que continua atual, devido a falta de novidade sobre o assunto)

Depois de um longo tempo afastado da m�dia, ap�s a morte de Renato Russo, Bonf�, retorna otimista. "Eu n�o me escondi. Mas os jornalistas ligam para a Rock It! e o assunto morre ali", explica. O baterista resolveu dar um tempo para si pr�prio. Criou uma home page com seus desenhos e trabalhos publicados nos discos da Legi�o, al�m de textos narrando a hist�ria da banda, e, agora, prepara seu lan�amento em carreira solo. Disse: "...na verdade, antes de tudo, eu tinha um disco mais ou menos pronto. Mas, depois do que aconteceu, ficou tudo de pernas pro ar. Eu passei tr�s anos construindo uma casa (na Barra), e finalmente me mudei. Mas, ano que vem (1998), devo lan�ar disco."

Na verdade, o que estava quase pronto era instrumental. Disse: "M�sicas bem tranq�ilas, o que eu gosto e curto mesmo, sabe? N�o sei nem se vai ter bateria, eu componho tudo no teclado." O trabalho vem sendo dobrado j� que admite n�o saber tocar teclado. Disse: "N�o sei tocar teclado nem viol�o. Ent�o vou montando esse quebra-cabe�a." Mesmo assim, continua otimista e predestinado em conseguir o seu objetivo. "Estou me aventurando em terreno pantanoso, mas, como bom aquariano, n�o posso fugir dos desafios", afirma. O resultado � algo bem relaxante, com levadas que lembram muito a Legi�o. "Esse � um lado que � dif�cil evitar. Mas n�o chamaria meu trabalho de rock'n'roll", avisa. Quanto � essa inevit�vel compara��o, o baterista � enf�tico: "N�o tem nada a ver com o meu trabalho anterior, a Legi�o tinha uma preocupa��o com as mensagens e eu quero fazer m�sica para entretenimento".

Apesar das influ�ncias de sua antiga banda, tamb�m cita Oasis, The Verve e Depeche Mode, al�m de outros "sons eletr�nicos", que serviram como base para suas composi��es. Aprecia m�sica cl�ssica, "m�sica calma". Mas, em sua carreira solo, n�o pretende seguir a linha new age. "Eu diria que era uma mistura de trip hop com trance, com ambient. Mas agora est� mais pop." , afirma. No entanto, Marcelo ainda tem uma grande inseguran�a e um certo medo, devido a grande diferen�a no processo de composi��o usado para sua obra e para a da Legi�o. "Naquela �poca, muitas m�sicas surgiram baseadas no ritmo. O Renato falava: 'Bonf�, toca a�...'. Ent�o, aleatoriamente, eu mandava uma batida e ele e o Dado iam colocando os elementos. 'Ser�' e 'Soldados' nasceram assim." , conta.

No in�cio, n�o pretendia usar a sua voz. Disse: "...tamb�m penso em incluir algumas participa��es, mas a minha voz eu n�o pretendo colocar, n�o." Dizia que n�o desafinava, mas tamb�m n�o tinha a menor vontade de cantar. Com o tempo, sua opini�o mudou. Come�ou a ter aula de canto para soltar a voz em seu futuro disco. "Estou indo bem nas aulas. Tenho um bom timbre e j� consigo at� ouvir a minha voz gravada", conta.

Bonf� est� completamente otimista para essa sua nova fase art�stica. "Sempre idealizei uns temas e percebia que tinha uns detalhes legais. Dado e Renato tamb�m gostavam e chegamos at� a usar alguma coisa na Legi�o. Numa noite, estudando umas sonoridades, senti que realmente tinha potencial. Ent�o, decidi mergulhar de cabe�a". Dado n�o deixa o amigo mentir e elogia sua veia de compositor. "Ele tem talento: ‘Angra dos Reis’, ‘Longe do Meu Lado’, ‘O Descobrimento do Brasil’, � tudo dele." Com uma personalidade simples e humilde, Bonf� fica at� um pouco encabulado. "Eu monto umas coisas no meu sequencer. Mas sinto falta de parcerias. N�o consigo terminar uma coisa sozinho." Quanto �s letras, diz que n�o � muito bom com as palavras e, que, est� mal acostumado com a poesia de Renato Russo. "N�o tenho capacidade de exteriorizar as coisas que eu sinto. Al�m do mais, Renato j� falou sobre tudo o que eu penso. Meu mundo gira em torno das m�sicas da Legi�o", confessa. Mas, faz parte de seus planos pedir para que amigos como Herbert Vianna, Paulo Ricardo, e Alvin L. (ex-sex Beatles e agora em carreira solo) lhe escrevam letras numa linha mais rom�ntica. Esse �ltimo, no entanto, j� come�ou a mostrar trabalho: "O Alvin ficou de me mandar duas letras. J� com o Dado n�o falei nada ainda, mas pode ser que eu o convide para fazer algo no meu disco. Quero pensar nas participa��es s� na reta final". Ainda n�o falou com os outros, devido a sua inseguran�a, que, segundo sua mulher, Simone, o faz ser centralizador. E ele, como bom marido que �, n�o a deixa mentir: "�, realmente eu n�o consigo jogar nada na m�o das outras pessoas, cara. Sei l�, por medo de me surpreender com o resultado final, quero estar envolvido em tudo que est� ao meu redor. Desde os detalhes do meu disco at� o card�pio do jantar aqui de casa", confessa.

Pretendia concluir as composi��es no m�s de julho. "Eu n�o gosto de futebol mesmo, ent�o vou aproveitar a Copa para fazer m�sica", afirma. Quando estiver tudo pronto, Marcelo pretende come�ar o trabalho de est�dio para que o rascunho que gravou em sua casa se transforme, enfim, em arte final. Quanto � data de lan�amento do �lbum, ele brinca e emenda, mais s�rio: "�s vezes consulto o I Ching para ver se encontro alguma resposta ...acho que at� o fim do ano sai. Esse trabalho para mim � um desafio. Botei isso na minha cabe�a e vou conseguir", acredita. Ainda sem contrato assinado com nenhuma gravadora prefere esperar o disco tomar forma para pensar nesse assunto. "Ainda falta muita coisa, eu pretendo colocar baixo, bateria e guitarra, al�m de algumas coisas eletr�nicas nas m�sicas", diz.

Para finalizar, deixa uma imagem otimista sobre seu novo trabalho: "...o Renato era um cara fabuloso, incompar�vel. Adorava v�-lo falar, aprendi muito com ele e sei que, agora, chegou a minha vez". Esperamos que realmente saiba aproveitar essa sua nova oportunidade. Talento n�s sabemos que tem. No entanto, os f�s mais conservadores desaprovam a maneira em que pretende concluir esse trabalho, que, pelo que parece sua inten��o, n�o � bem a de continuar pregando as belas mensagens da Legi�o, optando apenas em seguir a leva de m�sicas feitas atualmente. Tudo o que nos resta agora, � a esperan�a de que os longos anos de conv�vio e experi�ncia com Renato, possam influenciar em sua opini�o e seu projeto siga por outros rumos.

"URBANA LEGIO OMNIA VINCIT."
"FOR�A SEMPRE."

Fabiano Moraes (Erick Dawson)

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Fontes de Pesquisa:

• Revista SHOWBIZZ (edi��es: 144 e 154).

• Internet.

Contribui��o:

• Linda Shindler.

Observa��o:

• Fotos retiradas da revista SHOWBIZZ (edi��es: 144 e 154).