Pais espalham cinzas de Renato Russo

Restos do compositor foram jogados no s�tio em que viveu o paisagista Burle Marx, no Rio

(O Estado de S�o Paulo - 19/10/1996)

(Por Gustavo Alves)

RIO - As cinzas do m�sico Renato Russo foram espalhadas ontem de manh� no S�tio Burle Marx, na Pedra da Guaratiba, Zona Oeste, sem que fosse realizado o �ltimo desejo do compositor: que seus restos ficassem em um jardim florido. Como todos os projetos do paisagista Roberto Burle Marx, o jardim ao lado da casa em que viveu n�o tem flores. "Rodamos todos os parques do Rio, mas n�o encontramos nenhum lugar florido", lamentou a m�e do artista, Maria do Carmo Manfredini. "O mais pr�ximo do que ele desejava seria esse aqui."

Retiradas de uma urna de metal, as cinzas foram jogadas em brom�lias, p�ndanos asi�ticos e cicas pelo pai do artista, Renato Manfredini, ao lado da m�e, Maria do Carmo, e da tia Carmem Vera. Maria do Carmo chorou durante a cerim�nia, realizada ao som do sino da Capela de Santo Ant�nio da Bica, do s�culo 17, situada no s�tio, e da composi��o Fantasia, de Robert Schumman.

Os tr�s rezaram em frente das brom�lias onde foram jogadas as �ltimas cinzas. Maria do Carmo foi presenteado com um ramo de orqu�deas raras. Ela confirmou o fim do Legi�o Urbana, mas n�o quis comentar as informa��es m�dicas de que Russo tinha Aids havia seis anos, alegando ser uma quest�o �ntima. "O Renato Russo era de voc�s, da imprensa, mas o Renato Manfredini J�nior � nosso, dos amigos e da fam�lia."

POESIA

- A m�e do artista informou que planeja lan�ar um livro com letras do compositor, algumas in�ditas, sem prazo previsto. Contou que, al�m de planejar escrever uma pe�a de teatro e uma �pera, ele tamb�m pretendia lan�ar um disco com antigos compositores brasileiros, como Catulo da Paix�o Cearense.

Giuliano, de 7 anos, filho do compositor, n�o estava presente � cerim�nia. Ele vai ser criado pelos pais do m�sico. "Quando ele me entregou o Giuliano, disse para cri�-lo como ele foi: sem ver televis�o", lembrou. Ela contou que queria que o filho fosse diplomata, e n�o m�sico, e houve uma �poca em que ele chegou a pensar em isolar-se num convento.

Apenas familiares estiveram na cerim�nia, do mais velho, o tio Amilton Manfredini, de 84 anos, � prima L�gia Manfredini, de 9 anos. A prima Vera L�cia Manfredini informou que os pais escolheram o s�tio em uma visita na quarta-feira, depois de receberem ofertas para deixar as cinzas no Museu da Rep�blica, no Catete, e no Jardim Bot�nico. "A m�e gostou principalmente da amplid�o e da boa conserva��o do local", disse.

A �rea, com 365 mil metros quadrados, foi doada por Burle Marx ao Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), em 1985, e batizada em homenagem ao paisagista ap�s sua morte, em 1994.